Praia Roosevelt

Proposta ousada do arquiteto Eduardo Longo, prevendo a adaptação das lajes existentes da praça para formar um balneário público com piscinas e solário.
Além de evitar a cara demolição e revitalização da praça, proposta pelo poder público (e até hoje pendente), o projeto mantem as vagas valiosas sob a laje e propõe um uso popular, lucrativo e controlável, assim pondo um fim ao mal-uso e fechamento atual do espaço.

Imagem Eduardo Longo

Eduardo Longo
http://longoeu.sites.uol.com.br/praia-roosevelt.htm
Matéria no Arqbacana
www.arqbacana.com.br/…

Veja também:
www.projetosurbanos.com.br/2007/12/24/praca-roosevelt-mais-uma-revitalizacao


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Vazios contaminados

Perigosos vazios urbanos
Artigo no Estado de S.Paulo Quinta-feira, 19 de Junho de 2008
www.saopaulo.sp.gov.br/sis/…

“Os postos, segundo o levantamento, respondem por danos ambientais em 621 das 743 áreas contaminadas listadas pela Cetesb na capital. […]
A Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) mantém, há cinco anos, um Cadastro de Áreas Contaminadas no Estado de São Paulo. Desde que ele começou a ser organizado, o número de áreas cadastradas como infiltradas por produtos químicos cresceu nove vezes – das 255 do início do cadastramento, para as 2.272 no ano passado. Somente em 2007, o número de áreas cadastradas cresceu 25%. As principais fontes de contaminação do solo são os postos de gasolina (77%), instalações industriais (14%) e estabelecimentos comerciais (5%).”

Imagem Skyscrapercity

Cadastro de áreas contaminadas em São Paulo
www.ambiente.sp.gov.br/destaque/cadastro_areas_contaminadas.htm
www.cetesb.sp.gov.br/

Áreas contaminados na Europa
Holanda – 60.000 áreas contaminadas que necessitam ser remediadas urgentemente (www.vrom.nl)
Alemanha – 55.000 áreas contaminadas (dados de 2001) (www.umweltbundesamt.de)
França – 3.500 áreas contaminadas que necessitam de remediação (www.fasp.info)
Bélgica, Região de Flanders: 7.000 áreas contaminadas registradas (www.ovam.be)

Projeto de recuperação de terreno contaminado em São Paulo
(Museu aberto da sustentabilidade)
Arquitetas Adriana Blay Levisky e Anna Julia Dietzsch
www.arqbacana.com.br/…

Terreno contaminado
arquitetas Levisky e Dietzsch

Intervenção
arquitetas Levisky e Dietzsch

Projetos urbanos e participação popular

Projetos Urbanos e Estatuto da Cidade: limites e possibilidades
Artigo por Nadia Somekh (arquiteta e diretora da FAU Mackenzie)
www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq097/arq097_00.asp

Nadia Somekh cita, como muitos autores, projetos urbanos na Espanha e Argentina. Segundo a autora, os projetos urbanos no Brazil não conseguem alcançar o patamar desses exemplos porque possuem índices muito inferiores de investimento pelo poder público, além de não utilizar todo potência dos instrumentos de participação popular nos projetos.
Falando do caso do centro histórico de São Paulo, ela destaca alguns planos e ações a partir de 2000 para melhorar as condições de trabalho, limpeza urbana e manutenção do espaço público central, resgate do centro como pólo de lazer, entretenimento e turismo. Em relação aos efeitos sociais do Estatuto da Cidade, ela é pessimista.

Puerto Madero, Buenos Aires 2008Foto Merten Nefs

Surgem algumas perguntas:

> Quais foram os projetos participativos no centro de São Paulo? (No artigo se fala muito nas parcerias público-privadas e pouco na participação popular)
> A orla de Barcelona e Puerto Madero são realmente bem succedidos do ponto de vista social e ambiental?
> Existe mais participação da população em Barcelona, Buenos Aires ou Milão?
> E se for o caso, é porque lá a população se importa mais em participar, ou porque lá existem estruturas mais abertas para ouvir a população e permitir que ela contribua com projetos e ideías?

Puerto Madero, Buenos Aires 2008Foto Merten Nefs

Fragmentos do artigo:

“O diferencial brasileiro, no entanto, reside na baixa capacidade do poder público em investir recursos em áreas de transformação urbana. […]
A principal crítica que se faz às operações urbanas principalmente de São Paulo, é a falta de Projeto global, com desenho urbano, transparência (superado pela existência de conselhos gestores) e efetiva redistributividade e impacto social positivo. […]

Entendemos que os instrumentos do Estatuto da Cidade se bem utilizados e articulados nos PD e nas operações urbanas, poderão constituir avanços consideráveis, garantindo espaços democráticos, participativos e ecologicamente equilibrados nas cidades brasileiras. No entanto, de nada servem instrumentos técnicos, sem a mobilização da população e a construção coletiva de uma cidade mais justa. É importante garantir espaços que permitam esta ação coletiva.
[…] no caso das OU [ Operação Urbana] Anhangabaú (1991) e da OU Centro (1997) poucos foram os resultados da aplicação desse instrumento.”

Uma das manifestações quase diárias na Avenida de Mayo, Buenos Aires

Aliança pelo Centro

Imagem Merten Nefs / Google Earth
A disputa pelo centro histórico de São Paulo está aquecendo. O espaço público central, conhecido pelo movimento intenso de pessoas durante o dia, funciona por um lado como espaço de comércio informal (camelôs) e fonte de materiais recicláveis (catadores); por outro lado como espaço de turismo, espetáculo e cultura, além de espaço para atrair investimentos.
Existe um forte desequilíbrio entre essas funções. As primeiras dominam hoje na região, e as segundas estão sendo promovidas pela elite por meio de vários programas de revitalização urbana, por exemplo na região da Luz e no Parque Dom Pedro II. O mais novo é a Aliança pelo Centro Histórico, uma aliança da prefeitura, o estado de São Paulo, associação Viva o Centro e a iniciativa privada (por exemplo a Bovespa). Objetivo do projeto é “limpar” o triângulo histórico da cidade, entre a Praça da Sé e os Largos de São Bento e São Fransisco, incluindo assim o Pátio do Colégio e a Praça do Patriarca.
A ação, que depois se espalhará pelo centro todo (Sé e República) prevê vigilância, limpeza de ruas, retirada dos camelôs, iluminação pública e encaminhamento de mendigos para assistência social e albuergues na região.
Movimentos sociais, cooperativas de reciclagem e camelôs temem a expulsão de trabalhadores informais, moradores de rua e catadores da área e estudam contra-ações e medidas legais para contestar o projeto.

Foto Merten Nefs

Leia mais:

Viva o Centro
www.vivaocentro.org.br/noticias/…

Forum Centro Vivo
http://centrovivo.org/…

Folha de São Paulo
www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/…

Valor Econômico
www.vivaocentro.org.br/noticias/clipping/2008/090608_valoreconomico.pdf

O vazio nas Cidades Utópicas

O vazio urbano não ocorre apenas nas cidades existentes, crescidas ao longo do tempo, mas também nas cidades utópicas modernistas. Por que?

Apesar das funções diferentes do vazio em cada um dos planos, no geral parece ter a vantagem de flexibilidade futura e controle social e ambiental do espaço urbano.

Ville Radieuse - Le Corbusier
Ville Radieuse – Le Corbusier 1933

Na Ville Radieuse, do Corbusier, avenidas amplas e limpas entre os megablocos urbanos deveriam resolver o trânsito, cáos e sujeira do velho centro de Paris. No caso da Broadacre City, de Frank Lloyd Wright, o vazio na malha urbana é um sistema de áreas verdes de natureza selvagem preservada, incorporado na cidade durante a expansão para garantir o bem estar do cidadão. Broadacre City - Wright, imagem Museum of Modern Art NY
Broadacre City – Frank Lloyd Wright 1935

Brasília, foto Merten Nefs
Plano Piloto de Brasília – Lúcio Costa 1955

Em Brasília, utopia construída a partir do projeto de Lúcio Costa, o vazio é uma continuação do deserto dentro da cidade, prevendo a expansão de edificações do governo e de serviços em alguns lugares. As grandes distâncias e o sistema rodoviária do Plano Piloto fazem do espaço urbano literalmente um deserto sem vida fora das superquadras e sem possibilidades de juntar imponentes aglomerações de pessoas, já que na escala do eixo monumental tudo fica pequeno. No caso, isso garante o sossego e a segurança do governo.
No plano para a cidade Pampus, expansão de Amsterdam projetada por Van den Broek en Bakema, os aterros amplos e águas navegáveis entre as megaquadras providenciariam espaços de lazer e vistas até o horizonte para os moradores.

Pampusstad - Van den Broek en Bakema
Pampusstad – Van den Broek en Bakema 1964

Pampusstad - Van den Broek en Bakema
Pampusstad – Van den Broek en Bakema 1964

Nas cidades utópicas contemporâneas esses vazios amplos no tecido urbano estão desaparecendo. A Masdar City (Emirados Árabes) é uma cidade murada sem carros e com ruas estreitas. Esta cidade, projetada por Norman Foster, depende do vazio em volta dela para instalar campos de placas fotovoltáicos. Dongtan, expansão sustentável de Shanghai, projetada e gerenciada por ARUP, também possui um layout compacto. Todo espaço entre os edifícios é paisagismo planejado.

Dongtan - ARUP
Dongtan – ARUP 2010 (estimativa da inauguração)

Masdar City - Norman Foster
Masdar City – Norman Foster 2006

Por que o vazio sumiu dos projetos utópicos? É que não deu certo no passado? Certamente os arquitetos não se deixariam desanimar pela realidade, acho difícil! Será que é porque cidades compactas hoje são consideradas mais ecológicas, mais fáceis de resolver em termos de mobilidade e transporte público? Talvez… com certeza as cidades utópicas contemporâneas são cidades ecológicas / sustentáveis.

Quem souber onde ficou o vazio na utopia de hoje, pode falar…